domingo, 24 de novembro de 2013

tenho necessidade de me fechar, de ir embora. de planejar a vida sozinha - completamente sozinha, meu apartamento pequeno, minhas plantas, minhas fotos reveladas penduradas na parede, desordenadas. o cigarro jogado pela casa, cada maço num canto que é pra nunca ter longe, a fumaça do beck enchendo a sala, musica na vitrola, caetano, provavelmente caetano, "it's a lo-lo-lo-lo-long, it's a long way". e aí me vem você, dançando sem roupa e cantando essa musica e eu digo que é uma das minhas preferidas e você diz que percebeu já que eu não reclamei que você está cantando desafinado. eu sorrio, vc me joga (de novo) na cama, começa a me beijar, começa nosso sexo demorado, fluido, suado, incrível. e é só de imaginar que vou colocar meu LP preferido na minha vitrola no meu apartamento pequeno que você me vem à cabeça; se mudo a música você também me vem porque eu já te mostrei tudo que eu gosto, você já cantou pra mim tudo errado todas as músicas que eu gosto, a  gente já trepou ouvindo as músicas que eu gosto. não pode deixar de ter música na vitrola do meu apartamento pequeno. não pode deixar de ter você no meu apartamento pequeno, eu penso e afasto, grito, choro: SEMPRE NÃO TEVE VOCÊ, há um mês não tinha você, há um mês eu mal sabia quem você era. e agora em qualquer lugar do mundo que eu escolha vou querer que tenha você e eu ou esse quarto pequeno na bela vista, você me dizendo me conta alguma coisa e me fazendo cócegas ou acordando no meio da noite só pra me dar um beijo ou me fazendo chegar atrasada no trabalho porque vale muito mais a pena nosso sexo da manhã, rápido, cheio de vontade. mas eu não te vejo mais. você me diz que o tempo está difícil e tudo está muito caro, caríssimo pra ficar por aí tomando cerveja e chuva/ cerveja na chuva. eu finjo que não ligo, mas quero ver você. eu pego todo mundo, to-do mundo que me chega perto, mas quero na verdade é ver você.
no meu apartamento pequeno, eu quero é ter você e suas roupas jogadas no chão e a gente não achando nada no meio daquela bagunça. me fechei, fechei, fechei e quando cê apareceu eu pensei que nem precisava de esforço pra não gostar de você, eu não ia gostar, eu não ia gostar, você não tinha como, era só sexo, era, juro. eu esqueci de procurar teus defeitos, achei que nao precisava, tinha aqueles tenis horrosos, você trepava comigo de meia, de meia, quem faz isso, quem trepa de meia e acha ok? mas esqueci dos defeitos, esqueci de fechar, de ir embora e fui ficando, dormia com você três vezes por semana, parecia que a gente não ia embora nunca. mas aí eu só percebi que era tarde quando você não quis ir tomar cerveja na chuva, e quando eu fui procurar outras bocas, varias bocas e corpos molhados - e eu começo a gritar e choro, choro sempre, choro de novo, estou apaixonada grito grito bebo bebo bebo muito, na chuva. quero te ligar, mandar mensagem dizer tudo que você não sabe. durmo, bêbada, acordo com você que me pergunta se foi bom e eu penso que foi maravilhoso, eu minto. você diz pra eu ir aí e eu vou porque eu sempre vou e você diz que não, que não pode, nenhum tempo e muita coisa, muita coisa. a gente fica uma semana sem o nosso sexo e eu já piro, já sinto essa falta enorme e ridícula e já quero te visitar no meio da noite, os porteiros já me deixam subir sem me anunciar. e eu ia te abraçar te acordar te beijar e ia ser a gente e tudo bem - a distância idiota que tá entre a gente ia sumir, nunca tem distância quando a gente deita na cama se olhando e contando nossas histórias. eu quero você nas minhas histórias, sabe? porque é quase um milagre alguém ter me desarmado assim como você fez e você ainda nem percebeu. eu vou aí nessa semana, você vai fugir quando perceber né? eu tenho necessidade de me fechar, de ir embora. próxima vez na tua cama vai ser a ultima, mas você não vai saber. você vai demorar pra ver que fui embora. e nunca vai ver meu apartamento pequeno, e vai ter saído da minha cabeça você sem roupa cantando caetano, vou poder ouvir caetano na vitrola enquanto penduro as fotos na parede (as fotos não me lembram você porque nunca te fotografei). e não vai ter erro, vou de novo estar fechada em mim, fazendo as listas dos defeitos e cansando de qualquer cara e de qualquer menina em no máximo duas semanas, reclamando do sexo ruim e do beck que me deu dor de cabeça. você nunca vai no meu apartamento pequeno e nem vai dizer o como tudo isso combina comigo e nem vai listar todas as coisas que eu não como e nem vai jogar suas roupas no chão do meu quarto pequeno, não vamos fumar uns vários e procurar o colírio pra conseguir ir seguir o dia.
e tudo bem. um mês não pode afetar assim o resto dos meus dias. me planejei pra ficar sozinha e não vou mais ver você. depois te conto que a próxima vez vai ser a última, você vai achar normal porque eu não acredito no amor e você me diz ridícula, ridícula ri-dí-cu-la.
RIDÍCULA. não acredito que vou sofrer tudo de novo.


quarta-feira, 20 de novembro de 2013

pra ele, sou um clichê, que gosta de belle & sebastian e quer um relacionamento aberto.
e só.

sábado, 16 de novembro de 2013

você nunca me viu apaixonada, amando. vi, daquela vez. mas ah  não conta - doeu mais que amor, e você viu só a dor que bem me lembro. tá, nunca te vi apaixonada. pois não vai ver, não acredito mais. passei esse ano deixando o coração ir lá, embora. as pessoas recolhem os pedaços, eu fui deixando longe, longe, de leste ao norte dessa cidade - extremo norte, extremo (nunca me lembro se o bairro dele era extremo norte ou extremo oeste, você sabe?). até parece, ela diz, até parece que tu não acredita (ela sempre usa tu, até acostumei e acho bonito esse erro de conjugação.) não. não, eu não acredito mais. até parece - repete, e diz meu nome inteiro, in-te-i-ro. até parece. tu tá é louca pra gostar dele. tu tá é gostando dele. e é por isso o medo e essa trava toda. já percebeu que dessa vez tu não tá nem conseguindo achar defeito? o tênis. a regata. e como ele fala e se mexe enquanto dorme - eu grito todos os defeitos, olha só quantos. tu tá apaixonada, ela disse, finalmente to te vendo apaixonada.

sábado, 2 de novembro de 2013

ela misturava todas as frutas do frozen, e ia jogando todas nos buraquinhos feitos pelas colheres.
ele se fingia de bravo. ela ria.

não preciso mais de você, ele disse. as minhas frutas do frozen já vem, agora, todas misturadas.